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Engenheiro Agrônomo, Prefeito de São Vicente (PSB), Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista.

Planejando o Amanhã


Planejando o amanhã.
Tércio Garcia*



" Se eu tivesse oito horas para derrubar uma árvore, passaria seis afiando meu machado. "
Abraham Lincoln



Vivemos no mundo da síntese, na era da pressa, no tempo dos resultados imediatos. Precisamos agir com rapidez, entender o processo já. Tudo acontece com um aparente dinamismo impossível de ser acompanhado. Nos jornais as imagens conquistam os espaços com absoluta prioridade sobre os textos, um dia serão apenas manchetes e fotos, afinal, uma imagem fala mais do que mil palavras.
Este mundo de pressa que nos é imposto pela vida altamente competitiva que levamos nos tempos modernos não combina em nada com as coisas bem feitas, com as decisões bem tomadas e muito menos com o desenvolvimento da nossa capacidade analítica.
Precisamos considerar que a vida não é um jogo onde vence quem cumprir todas as tarefas no menor espaço de tempo e com a maior qualidade. É preciso compreender a vida e o propósito da própria existência como alguma coisa muito maior, compreender que a vida é muito mais próxima a complexidade de um filme do que a simplicidade de uma foto. Nosso mundo é a soma das ações praticadas no passado e aquelas que praticamos hoje resultarão nos problemas ou soluções a serem enfrentadas no futuro. Negar ao presente o tempo de planejar é negar o próprio futuro.
Pelo infortúnio de um incêndio no Jardim Irmã Dolores, pude conhecer o trabalho de uma ONG de nome “Um teto para o meu país”. Exemplo de sucesso no desenvolvimento de ação planejada para a mitigação de problemas causados pela mais absoluta falta de planejamento. Em dois dias jovens universitários voluntários constroem habitações de emergência para abrigar pessoas que perderam suas casas por motivos trágicos. No nosso caso um incêndio.
Para que em dois dias seja possível concluir com êxito a ação é preciso consumir, no mínimo, vinte dias de planejamento. É preciso seguir o planejado à risca, evitar desvios e convites de caminhos mais fáceis e mais curtos.
Gosto, como Abraham Lincoln, de gastar muito tempo afiando o meu machado.
Pagamos hoje o preço administrativo e pecuniário de todos os erros de planejamento cometidos no passado. Os três níveis de governo submetem nosso povo a dificuldades desnecessárias que poderiam ter sido evitadas com o simples ato de planejar. Questões logísticas como a falta de pontes e estradas somadas ao equivoco da escolha de uma matriz de transporte sobre pneus impedem hoje um desenvolvimento mais acelerado do nosso país. Pura e exclusiva falta de planejar.
Ao atrasar o desenvolvimento negamos a milhões de crianças e jovens a possibilidade de, por exemplo, uma educação melhor ou uma cobertura de saúde mais qualificada e assim negamos a uma geração inteira a possibilidade de viver no país sonhado pelos nossos avôs, depois pelos nossos pais e agora por nós. Sonhar é bom, mas planejar é dar a oportunidade de ver um sonho se tornar realidade.
Quantos de nós conseguiremos controlar a ansiedade imposta pelo nosso tempo e gastar o tempo necessário ao planejamento?



*Tércio Garcia é engenheiro agrônomo, prefeito de São Vicente, e Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista.





A edificação invisível.
Tércio Garcia*




“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”
Cora Coralina

Qual seria a maior de todas as obras de um governo?
Adoro visitar as nossas obras. São importantes para o desenvolvimento da sociedade, transmitem e dão a dimensão do dinamismo de um governo, agregam qualidade de vida ao dia-a-dia da população e nos asseguram, e asseguram aos nossos eleitores, que estamos cumprindo a nossa função.
Alegra-me perceber o movimento habitacional que se desenvolveu em São Vicente e que construiu entre 2005 e 2008, mil e novecentas casas e que tem hoje outras duas mil em construção. Ou passar pela Av. Angelina Pretti, primeira obra do governo.
Alegra-me também implantar a tão sonhada urbanização da Praia do Itararé e construir o primeiro teatro da primeira cidade do Brasil.
Ter assistido da janela do meu gabinete a construção do primeiro grande shopping Center de São Vicente ou caminhar pelas ruas do Jardim Rio Branco entre tubos, guias e sarjetas prontas para receber o asfalto ou implantar centros esportivos como o Centro Náutico, na Esplanada dos Barreiros, Dr. Luiz Gonzaga, na área continental, Robinho, no centro da cidade ou Carlinhos Furacão, no Jardim Guassú só podem satisfazer a um homem público.
Tantas outras grandes e pequenas obras de cimento, pedra e aço poderiam ser aqui enumeradas e indicadas na resposta que abriu este artigo, no entanto não posso enxergar nenhuma edificação nem ao menos próxima da relevância da construção de um ser humano.
Talvez minha formação tenha me ensinado que não se colhe nada que não foi plantado, talvez eu tenha aprendido nas leituras da obra de Cora Coralina, não sei. Mas tenho claro, como homem publico, que da boa semente depende a farta colheita.
Nos dias de hoje, sem sombra de dúvidas, cabe também aos governos a construção social, edificação invisível que precede em importância as obras que podemos enxergar.
Os programas sociais, estas mega-obras silenciosas, Têm o verdadeiro poder da transformação e inovação da sociedade e se constituem na mais importante de todas as obras de um governo.
Quando meninos e meninas quase sem perspectivas ou oportunidades, se ligam a um programa como o “Viva Música”, operado nas unidades do CER - Centro Educacional e Recreativo e conseguem, a partir da leitura de uma partitura musical, executar uma obra de Heitor Vila Lobos, os horizontes da sociedade se transformam.
Quando meninos e meninas quase sem perspectivas ou oportunidades, se ligam a um programa como o Pró-Jovem, operado em parceria com o governo federal e a sociedade civil e conseguem retomar seus estudos e obter seus diplomas, os horizontes da sociedade se transformam.
Quando jovens pautam seus destinos pelos valores plantados a partir de ações como o “Projeto Jepom”, escolinhas de esporte, “Tubo de Ensaio” ou “Tripulantes do Futuro”, os horizontes da sociedade se transformam.
Valores são bens eternos, boas sementes nos campos da sociedade, ninguém nunca os roubará ou os ocultará. Os valores são nossos tijolos na maior de todas as obras do governo: A construção de seres humanos para uma sociedade melhor.









*Tércio Garcia é engenheiro agrônomo, prefeito de São Vicente, e Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista.

Política e Profissão
Tércio Garcia*

Você consultaria um médico que estampasse em seu cartão uma frase esclarecendo que ele atende como médico, mas a medicina não é a sua profissão?
Por algum motivo, alguns candidatos insistem em afirmar que ser um político profissional não está nos seus planos e usam esta afirmação como algo que os credite para obter mais confiança do povo e, portanto, mais votos.
Sejamos racionais, como pode alguém dedicar-se integralmente a tomada de decisões que interferem nas vidas de milhares de pessoas, como pode alguém dedicar-se, com seriedade, ao estudo das melhores e mais viáveis soluções e ao enfrentamento das questões ligadas a tão diferentes interesses se não dedicar-se profissionalmente ao aprendizado e a aplicação do aprendido?
A cada eleição o povo brasileiro dá demonstrações claras do seu amadurecimento e de que, por conseqüência, a democracia também amadurece e se estabiliza como regime de crescimento e desenvolvimento para o nosso País.
Na próxima eleição não será diferente. O eleitorado brasileiro dará uma verdadeira lição de civismo e de festa democrática, exercitando seu direito e seu dever de votar. O sagrado momento do voto, momento em que todos são iguais, as individualidades são finalmente respeitadas e o peso da decisão é igual para todos independente do sexo, da cor, do poder ou do dinheiro de cada um.
Aqueles que concorrerão aos cargos de Presidente, Governador, Senador ou Deputado, serão então escolhidos pelo seu grau de profissionalismo, pela sua dedicação e comprometimento, por tudo que podem fazer, mas, sobretudo por tudo aquilo que já fizeram. Àqueles que saírem vitoriosos e também àqueles que saírem derrotados, restará a humildade de aprender com as urnas. A cada pleito os eleitores do país mostram-se mais maduros e em melhores condições de escolher conscientemente os homens e as mulheres que profissionalmente dirigirão os seus destinos.
Em cada nível de governo, seja municipal, estadual ou federal, cresce a consciência de que o ser político é aquele profissional que determina o futuro, escolhe em nosso nome, mas sempre segundo os seus critérios éticos e morais. O eleitor compreende que da sua escolha nasce um novo país.
Quando se vota em pessoas de caráter ético duvidoso vota-se em um futuro ético duvidoso. Não há pessoas que distorçam a sua moral ou a sua ética após o ingresso na política. Há sim, políticas distorcidas, ética e moralmente, por homens de caráter fraco escolhidos pelo povo. Quando se apura as escolhas se aponta para um futuro melhor.
A classe política nacional não pode e não deve envergonhar-se da condição profissional que se impõe a quem precisa prestar um bom serviço. O político deve sim ser um profissional da política, integralmente dedicado a ela.
A lição, a cada eleição, deixada pelas urnas é uma clara indicação do perfil que o eleitor pretende para o país. Os profissionais que não souberem fazer a leitura qualitativa dos desejos expressos pelo eleitor, nas urnas, e pautar suas ações e posturas futuras por estas lições, devem abandonar a profissão, buscar outro ofício, caso contrario o eleitor se encarregará de fazê-lo.

*Tércio Garcia é engenheiro agrônomo, prefeito de São Vicente.