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Engenheiro Agrônomo, Prefeito de São Vicente (PSB), Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista.

O silêncio dos bons
Tércio Garcia*

'O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dosdesonestos, nem dos sem ética.O que mais preocupa é o silêncio dos bons.'Martin Luther King
Vivemos em um mundo de opostos. Ou somos geniais ou completamente limitados intelectualmente, capazes ou inaptos, justos ou cruéis, verdadeiros ou mentirosos... Como se não houvessem as diversas e humanas nuances que determinam a nossa personalidade.
Precisamos de rótulos, definições que nos ajudem a identificar as pessoas. Fulano é um gênio, cicrano é desonesto, beltrano é mentiroso. Como se alguém genial não fosse um ser humano suscetível a falhas como qualquer outro ser humano. Ou como se nenhum de nós já não tivesse mentido ou cometido algum tipo de desonestidade.
O que diferencia as pessoas são as suas motivações. As atitudes, via de regra são dependentes da conjuntura, da circunstância, do calor do momento.
Me espanta e aborrece perceber o quanto somos superficiais nas nossas analises sobre fatos relevantes que acabam por pautar nossas atitudes e ações futuras. Caminhamos quase andróides sobre frases feitas e conceitos pré-formulados.
Os resultados são invariavelmente pobres em profundidade e nessa análise rasa produzem também uma sociedade incapaz de analisar questões que exigem uma retenção maior de atenção.
Acreditamos cada vez mais que o resultado imediato é o eficaz e que a síntese é o caminho para esse resultado, assim, sintetizamos os problemas, as pessoas, os julgamentos e consequentemente a vida.
As más notícias correm como um rastilho de pólvora, já as boas não encontram grandes espaços no interesse geral. A “glamourização” do negativo é uma realidade a cada dia mais presente nas nossas vidas.
A reversão deste quadro depende fundamentalmente da consciência de que as coisas ligadas ao “bem” são muito maiores em quantidade e em qualidade, tanto de satisfação quanto de eficácia, do que as coisas ligadas ao “mal”.
O mundo continuará o seu curso torto enquanto continuarmos utilizando uma consciência rígida e exigente para o julgamento dos atos dos outros e outra flácida e compreensiva para o julgamento dos nossos próprios atos.
Valores como o pacifismo, a honestidade e a ética só ganharão a sociedade quando ganharem espaço dentro de nós mesmos, quando não mais nos referirmos elogiosamente a alguém enaltecendo sua malandragem ou a sua astúcia em ludibriar situações adversas. Quando não mais nos referirmos pejorativamente à educação ou à honestidade de alguém. Só então os bons levantarão sua voz, sem medo de passar por bobos, como sonhou Martin Luther King.
Quando as crianças e os jovens crescerem acreditando firmemente, a partir de exemplos familiares, que princípios éticos e morais são capazes de garantir sua sobrevivência com mais qualidade do que as posturas aéticas e imorais, aí sim, viveremos em um mundo melhor.

*Tércio Garcia é engenheiro agrônomo, prefeito de São Vicente, e Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista.

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